Na última sexta-feira (23), o Terceiro Ato Contra o Aumento da Tarifa trouxe um novo elemento pras lutas que temos travado pelo transporte público: além de tomar as ruas com nossa bateria, faixas e palavras de ordem, pintamos uma faixa exclusiva para ônibus de mais de um quilômetro na Av. Beira-Mar, desde a rua Othon Gama d’Eça até as proximidades do TICEN.
A Frente de Luta pelo Transporte Público organizou essa ação para pressionar o poder público a priorizar investimentos no transporte coletivo. As faixas exclusivas reduzem o tempo médio das linhas e reduzem os gastos com insumos do sistema (diesel, óleo, manutenção, etc.). Obviamente, diminuem também o atraso e o estresse pelo qual nós passamos todos os dias no latão.
Em São Paulo, onde mais de 350 km de faixas exclusivas foram implantadas desde o ano passado, estudos da Companhia de Engenharia de Tráfego indicaram que as velocidades médias tiveram acréscimo por volta de 45% [1]. Naturalmente, o aumento da eficiência no serviço deveria levar à diminuição da tarifa (o que, no caso de São Paulo, não ocorreu).
No entanto, a mídia não divulgou nossa ação nas matérias sobre o ato. A Prefeitura também não respondeu à Frente, mas curiosamente lançou uma notícia no mesmo dia anunciando um anel viário de 17 km por volta do Centro da Ilha, onde haverá faixas exclusivas para ônibus [2]. No entanto, a duração estimada das obras é de 3 anos e os gastos previstos são de 150 milhões de reais – isso porque a obra prevê derrubada de árvores, aterramento [4] e o alargamento da via na Avenida Beira-Mar.
Esses gastos são absurdos! Não existe necessidade de uma nova pista para criar uma faixa exclusiva, como demonstramos na sexta-feira. Essas obras só existem para agradar os amigos do Prefeito César Souza nas empreiteiras, que vão embolsar uma quantia que poderia ser suficiente (segundo dados de 2010) para bancar um ano inteiro de tarifa zero na cidade [3].
Precisamos de soluções que privilegiem de verdade o transporte coletivo, que atende mais de 60% dos deslocamentos motorizados nas cidades e causa menos filas, acidentes e poluição do que o transporte individual. A licitação realizada ano passado poderia ter avançado em questões como o limite às lotações, ar condicionado nos veículos, informação sobre linhas e horários nos pontos de ônibus, a municipalização dos terminais, etc. Ao contrário, o que vimos foram apenas gastos com a pintura dos velhos ônibus (das mesmas empresas) e um novo aumento nas tarifas.
Continuaremos nas ruas para barrar o aumento da tarifa e para garantir a prioridade dos investimentos no transporte público! Nessa quinta-feira (29), a partir das 17h30 no TICEN, acontece o 4º Ato Contra o Aumento da Tarifa. Vem todo mundo!
[1] http://www.capital.sp.gov.br/portal/noticia/3715#ad-image-0
[2] http://www.pmf.sc.gov.br/noticias/index.php?pagina=notpagina¬i=13331
[3] http://tarifazero.org/2011/05/20/sobre-a-viabilidade-economica-da-tarifa-zero-em-florianopolis/
[4]http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/12/prefeito-de-florianopolis-fala-de-projetos-e-resolucoes-para-2015.html